Apesar da alta nas taxas de juros, vendas de imóveis crescem 23% no trimestre móvel
Forte resultado foi capitaneado pelo recorde de unidades comercializadas no segmento de médio e alto padrão (+156,6%)
De acordo com as últimas informações relacionadas a 18 empresas associadas à ABRAINC* (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), os lançamentos de imóveis novos somaram 23.326 unidades no último trimestre móvel (considerando os meses de fevereiro, março e abril de 2022), resultando em uma queda de 18,1% em relação ao número apurado no mesmo período do ano anterior. Em contraste, nos últimos 12 meses encerrados em abril de 2022, o número de unidades lançadas pelas incorporadoras totalizou 155.488 imóveis novos disponibilizados ao mercado, quantidade que supera em 17,7% o volume lançado nos 12 meses precedentes. No campo das vendas, foram comercializadas 45.784 unidades no último trimestre móvel, o equivalente a um avanço de 23,0% em relação ao volume transacionado no período correspondente do ano anterior. No acumulado nos últimos 12 meses encerrados em abril, por sua vez, as 153.123 unidades vendidas pelas empresas que integram os indicadores superaram em 3,6% a quantidade total transacionada nos 12 meses precedentes. Sob a ótica das vendas líquidas* – calculadas com base no volume de vendas e de distratos em um dado período – registrou-se uma alta de 23,5%, no último trimestre móvel, colaborando para um crescimento de 4,4%, no horizonte dos últimos 12 meses.
Analisando-se os números da incorporação nos recortes residenciais, os empreendimentos associados ao Programa Casa Verde Amarela (CVA) ainda são responsáveis pela maior parcela das unidades lançadas e comercializadas tanto no último trimestre móvel (57,0% e 72,4%, respectivamente) quanto na média apurada nos últimos 12 meses (55,6% e 75,7%, respectivamente). No último trimestre móvel, as 13.294 unidades lançadas representaram uma queda de 33,0% em relação ao registrado pelo segmento no mesmo período do ano anterior. Na janela dos últimos 12 meses, por sua vez, foram apuradas 86.321 unidades lançadas no segmento, o que corresponde a um recuo de 20,1% em relação ao volume comercializado nos 12 meses anteriores. Comparativamente, o segmento comercializou 32.596 unidades no último trimestre móvel, resultado que representa um avanço de 3,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, ao passo que, no acumulado em 12 meses, o volume comercializado atingiu 113.939 unidades relacionadas ao programa CVA, o equivalente a uma baixa de 6,1% em relação ao período anterior.
O declínio progressivo da participação das unidades com esse perfil no mercado residencial continua a refletir entraves pelo lado da oferta (como as regras e limites que definem o enquadramento de imóveis, o nível de subsídios e a alta nos preços de insumos da construção) e a demanda por imóveis do segmento (exemplificado pela queda real no rendimento médio das famílias, especialmente as mais pobres). Nos últimos meses, a combinação desses fatores tem afetado negativamente a viabilidade econômico-financeira dos empreendimentos, além de comprometer o affordability desses imóveis, isto é, a capacidade das famílias em financiá-los. Para compensar esses efeitos restritivos sobre a dinâmica do programa, o governo realizou ajustes importantes sobre a curva de subsídios do programa, via aprimoramento do desconto complemento**, beneficiando diretamente as famílias elegíveis (isto é, com renda de até R$ 4 mil). Essa facilitação do acesso ao crédito imobiliário, embora recente, pode estar contribuindo para desempenho comercial recente do segmento, que se manteve em território positivo a despeito da queda nos lançamentos.
Em contraste, imóveis residenciais associados ao perfil de médio e alto padrão têm apresentado desempenho positivo e consistente, acarretando avanços em termos de participação de mercado. O número de imóveis lançados por esse segmento no cômputo agregado do último trimestre móvel (10.028 unidades) representou uma elevação de 20,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior, além de contribuir para a alta de 191,1% no horizonte dos últimos 12 meses (ou, em termos absolutos, 69.021 unidades). No âmbito ao desempenho comercial, o resultado do segmento também foi relevante e positivo, considerando as 12.446 unidades transacionadas no último trimestre móvel (alta de 156,6% em relação ao mesmo período do ano anterior) e 36.572 unidades no cômputo dos últimos 12 meses (crescimento de 55,4% em comparação aos 12 meses anteriores). Vale ainda sublinhar o desempenho do segmento de médio e alto padrão no caso das vendas líquidas* (crescimento de 172,8%, no último trimestre móvel, e de 63,2%, no acumulado dos últimos 12 meses) e na relação distratos-vendas (que recuou 5,3 pontos percentuais no último trimestre móvel e 4,3 pontos percentuais, na média dos últimos 12 meses) – indicadores que tem contribuído positivamente para o resultado da incorporação no início de 2022, diante de um cenário de elevação das taxas de juros e de pressão inflacionária sobre os custos das empresas e também sobre a renda disponível das famílias brasileiras.
Fonte: ABRAINC-FIPE, com base em dados de 18 empresas associadas à ABRAINC. Notas: (*) as vendas líquidas correspondem ao volume de vendas excluindo-se as unidades distratadas no mesmo período.
(**) Com a revisão, passam a ser utilizadas no cálculo variáveis como: área do imóvel, estado de localização, participação em recursos próprios da família, levando em conta a relação média entre renda e despesas das famílias.
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