As empresas têm se esforçado cada vez mais para avançar no desenvolvimento de uma agenda interna que valorize os diferentes aspectos do tema sustentabilidade. Mas, apesar da preocupação crescente, ainda são poucos os casos de corporações que conseguiram não apenas se comprometer com o assunto, mas colocá-lo como parte do dia-a-dia dos funcionários e levá-los além dos muros, chegando à sociedade.
Recentemente, a MRV, maior construtora da América Latina, lançou a Visão MRV 2030 para os ODS. No estudo, a companhia mostra a revisão do seu processo de atividades relacionadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) desenvolvidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Essa ação global concentra ações intersetoriais com a meta de superar os desafios enfrentados pelo planeta.
Há três anos a MRV é signatária dos ODS e busca a cada dia aprofundá-los com maior impacto em sua estratégia. As ações desenvolvidas permeiam desde a presidência até o canteiro de obras, passando por colaboradores, clientes, vizinhos e cadeia de fornecedores. A MRV mantém ainda parcerias com diversas empresas em prol dos ODS, além de desenvolvimento de ações junto ao Pacto Global, e nos próximos 11 anos, fará o mapeametno dos impactos positivos e negativos da empresa para a sociedade.
Em 2018, a construtora fez um diagnóstico para identificar quais objetivos, metas, indicadores, mensuração de impactos positivos e negativos para companhia e para cada um de seus 33 setores em que atua. No novo levantamento, foi apresentada uma revisão desse processo que levou em consideração uma publicação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) que avaliou quais metas globais da Agenda 2030 teriam aderência à realidade brasileira.
Diretor-executivo de Relações Institucionais e Sustentabilidade e diretor do Instituto MRV, Raphael Rocha Lafetá conta que várias das preocupações apontadas pela ONU fazem parte da pauta da MRV desde os primeiros anos de mercado, como o apoio a instituições e a projetos na área da educação. Mas como trazer a preocupação com o futuro do planeta para o dia-a-dia da empresa? O executivo explica que a melhor forma é ao adotar uma visão simples e desenvolver a partir daí processos que tenham como objetivo a sustentabilidade, independentemente do setor em que se atua.
“Na prática, isso funciona quando discutimos formas de, por exemplo, reduzir os resíduos gerados nas obras. Quando atingimos esse objetivo, utilizamos menos recursos e diminuímos o descarte”, exemplifica Lafetá.
Mas a preocupação em manter um negócio voltado ao tema da sustentabilidade não é desenvolvido apenas nos canteiros de obras, mas na vizinhança dos empreendimentos, explica o executivo. Por exemplo, com as atenções voltadas também à infraestrutura pública, com a oferta de escola, de saneamento e de transporte próximo ao endereço que abrigará o novo projeto.
Para que haja sintonia nos diferentes setores, a MRV faz uma imersão com os novos colaboradores em seu programa de boas-vindas. Nele, os recém-chegados aprendem sobre compliance, o código de ética da construtora, a postura que devem ter em relação aos fornecedores, clientes e mercado e, é claro, sobre sustentabilidade.
“Mostramos claramente como a empresa atua. Se quiser ficar com a gente vai ser preciso compartilhar de às nossas crenças. Essa política tem um outro lado, que é o poder de atratividade em relação aos millennials, cada vez mais preocupados com esse tipo de visão de futuro, que não lucra baseado em atitudes erradas, mas corretas e que preservam o bem-estar da sociedade e o planeta”, diz Lafetá.
Apesar de esse ser um tema muito presente na rotina da companhia, o executivo acredita que seja necessário avançar. Por exemplo, chegar à produção zero resíduos e, como diz Lafetá, nem precisar mais que o caminhão de coleta passe na porta da empresa. Essa evolução passará também, segundo o diretor, pela economia de energia e a melhoria da logística de suprimentos, que terá de envolver os fornecedores com o objetivo de consumir menos combustível e reduzir suas emissões de gases de efeito estufa.
Na avaliação de Lafetá, as empresas que não se envolverem com essas discussões e buscarem melhorias para ter um negócio mais sustentável e de menor impacto não terão condições de perpetuar seus negócios. Se não olharem para esse tema, não vão ficar muito tempo no mercado. Ou então, terão dificuldades tanto na busca por bons profissionais quanto para os consumidores sobre seu propósito."
Fonte: Época Negócios