13 de outubro de 2020
A Selic, taxa de referência da economia brasileira, está no menor patamar da história, a 2% ao ano, o que vem estimulando uma redução nos juros cobrados em diversas linhas de crédito, incluindo os financiamentos imobiliários.
Os grandes bancos têm acompanhado o movimento, e hoje, na média, os juros cobrados no crédito imobiliário ficam entre 7% e 8% ao ano mais a Taxa Referencial (TR). São percentuais baixos para o histórico do setor, mas ainda insuficientes para acelerar a redução no déficit habitacional do País, na casa de 8 milhões de moradias.
Uma nova modalidade idealizada pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), batizada de Poupança+, busca reduzir de forma mais expressiva as taxas cobradas nessas linhas de crédito para algo perto de 5,39% ao ano.
O foco são as operações de financiamento imobiliário com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
O projeto da entidade, apresentado ao Banco Central (BC) e já em vigência, vincula os juros do crédito imobiliário à correção da caderneta de poupança.
"É preciso que as quedas na taxa Selic cheguem com mais força nos financiamentos imobiliários, por isso a ideia é um novo indexador para os contratos formado pelo spread bancário mais a remuneração da caderneta de poupança", explica o presidente da Abrainc, Luiz Antônio França.
No Poupança+, a taxa final cobrada do mutuário seria composta pela remuneração da caderneta de poupança, que oscila acompanhando altas ou baixas da Selic, mais um spread bancário fixo. Hoje, a poupança rende a TR, que está em zero, mais 70% da Selic (em 2%), ou seja, 1,4% ao ano. Com um spread bancário de 3,99%, por exemplo, o juro no financiamento imobiliário seria próximo a 5,39% ao ano.
Em defesa da modalidade, o executivo cita uma queda de até 20% na primeira parcela do financiamento e um número maior de famílias elegíveis ao crédito, que passaria de 5,8 milhões para 8,6 milhões. Representando 7,41% do PIB brasileiro, estímulos à construção civil afetam, direta ou indiretamente, outros 62 setores econômicos e têm a capacidade de gerar 7,5 milhões de empregos por ano.
Não há, destaca França, o risco de as prestações subirem muito, o que comprometeria a capacidade de pagamento do mutuário. A própria regra de remuneração da caderneta de poupança, que é o indexador dos contatos na modalidade proposta, garante um limite de alta nas prestações.
Quando a Selic fica igual ou superior a 8,5%, a poupança é atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês, ou seja, o financiamento é corrigido por 6,17% ao ano.
Retomada do mercado imobiliário
A perspectiva de que os bancos passem a utilizar o Poupança+, proposto pela entidade, é grande por parte de França, que cita alguns fatores. Um deles, destaca, é o momento de retomada do mercado imobiliário.
"Começamos bem 2020, e, mesmo com a pandemia, vendas e lançamentos vão bem. O investidor em imóveis está voltando atraído pelo bom retorno e pela segurança do setor, o que reforça a demanda por crédito", comenta.
"Também tivemos o primeiro anúncio de uma nova linha de financiamento, feito pelo Itaú, que segue o mesmo princípio de crédito atrelado à remuneração da poupança que defendemos, o que é um movimento importante e deve atrair novos players."
O produto lançado pelo Itaú, em setembro, prevê um spread de 3,99% mais a remuneração da poupança (1,4%). Hoje, a taxa final ao mutuário do produto fica em 5,39% ao ano.
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